Qual a semelhança entre o clipe novo do Rouge e o Vai Malandra, da Anitta?

Qual a semelhança entre o clipe novo do Rouge e o Vai Malandra, da Anitta?

No post de ontem, o último post, eu fiz uma listinha de favoritos do mês de Fevereiro e você pode ler tudinho clicando aqui e conferir os meus favoritos.
Hoje, o assunto vai ser um pouco mais sério. Esse mês, o grupo Rouge lançou um novo clipe e o clipe é S E N S A C I O N A L! Você pode assistir o clipe aqui mesmo:

Pra quem não é da minha época, vou explicar quem é Rouge.
Rouge é uma girlband, ou seja, uma banda formada apenas por garotas, são 5 garotas e foi formado em 2002, por meio de um programa do SBT. É delas o sucesso Ragatanga que não pode faltar em festas. Depois de uns anos, em 2006, o grupo se separou oficialmente e voltou agora, em 2018 com esse clipe maravilhoso.

Quando eu assisti o clipe, eu fiquei maravilhada com duas coisas: ainda é o mesmo grupo da minha infância, elas tem ainda o mesmo estilo. Mas são todas maduras e ninguém tentou fingir o que não é. Não teve nada de diva, apesar de estarem produzidas, não tinha nada de muito diva. E a parte que mais me chamou atenção: são vários tipos de corpos, incluindo uma careca! Isso não é sensacional?

Há uns anos, Justin Bieber lançou o clipe Sorry, e eu, particularmente, fiquei apaixonada no clipe e música, principalmente porque no clipe, havia vários tipos de corpo.

Há um tempo atrás, eu falei nesse post que você pode clicar aqui e ler, sobre a pressão para se ter um corpo perfeito. E eu estou vendo que minimamente, essa pressão está cedendo e está aparecendo pessoas na mídia com corpos normais.

A realidade é que o corpo estrutural, magro, branco, cabelo liso, seios fartos, ainda é sim padrão e temos um longo percurso para isso não ser mais um padrão, porque é um padrão que uma parcela mínima da sociedade tem.

Vestidos Rodados!                                                                                                                                                                                 Mais
Quando eu era criança, quem estava em alta era Britney Spears e Cristina Aguilera, que exibiam seus corpinhos de garotinhas magras, com barriga de fora. Loiras, olhos claros e sem 1% de gordura corporal.

 

This performance >>>

Eu sempre fui maior que a minha irmã mais velha, tanto na altura quanto no peso e eu sofri muita pressão psicológica com isso. Eu me achava gorda, porque eu era mais pesada que minha irmã.
Por muitos anos, eu sofri de anorexia e bulimia. Hoje eu entendo o que é isso, mas na época, fazia total sentido passar o dia com uma caneca de leite no estomâgo. E fazia total sentido forçar o vômito depois de um almoço em família que eu iria precisar comer. Como eu sempre tive estomâgo fraco e tenho refluxo nervoso, nunca foi estranho me ver no banheiro vomitando, então, ninguém nunca se preocupou. E não os culpo.

Transparent Butterfly
Quando eu não comia e quando comia e colocava pra fora, eu era elogiada o tempo todo. “Nossa, como você é linda magrinha”. Isso foi dos meus 8 até meus 21 anos.

I don't even have a scale and I already know that I am.
Quando eu completei 21 anos, comecei a aceitar mais o meu corpo. Comecei a ter prazer em comer. Com isso, eu comecei a ganhar peso. Porém, sempre fui muito inconstante, eu perco peso com facilidade, principalmente se estou ansiosa, porque eu realmente tenho refluxo nervoso.


De agosto de 2016 até dezembro de 2017, eu ganhei 14 kg. Ficando mais pesada que minhas duas irmãs mais velhas. E eu sofri muitos comentários com isso. As pessoas começaram a reparar o quanto eu comia e começou a aparecer vários nutricionistas, todos ligados no que como e na minha saúde, supostamente. Engraçado que essas pessoas conviveram comigo durante minha anorexia e ninguém ficava preocupado de eu estar sem comer o dia todo, estar completamente anêmica.

A pressão estética sempre foi algo muito forte em minha vida. Quando comecei a sair pra namorar, eu não saia de casa sem maquiagem e não saia desarrumada. E era a níveis que eu chorava se a pessoa me encontrasse por acaso na rua e eu tava sem maquiagem, isso me deixava muito mal.

E o engraçado que sempre me interessei por pessoas acima do peso. E sempre lutei pra que essas pessoas tivessem respeito e dignidade. Sempre fui contra o preconceito contra essas pessoas. E era algo genuíno, mas pra mim, era forte demais a ideia de perfeição. Parece doido, não é? E é mesmo.
Houve um tempo em minha vida em que eu evitava tanto olhar no espelho, por me achar feia, que quando eu tirava fotos, eu não reconhecia meu próprio rosto. E toda vez que eu precisava olhar no espelho, eu sentia vontade de chorar. E isso é tão absurdo em tantos níveis! Saber que eu não sou a única a sofrer com isso, que existem milhares de garotas que todos os dias sofrem por se acharem feias, é muito chocante.


Há alguns meses, saiu dois vídeos no youtube bastante polêmicos. O primeiro, do canal Tá Querida, onde a Luiza Junqueira faz um tour sobre o seu corpo, sendo uma mulher gorda e contando como se aceitou. E foi quando eu conheci o canal dela. E gente, que mulher sensacional. No canal dela, ela conta como se aceitou sendo gorda e várias outas coisas, inclusive receitinhas de comidas deliciosas. E o que mais adoro nela é que ela não é aquela youtuber rica que você nunca vai alcançar. Ela é gente como a gente, ela tem um tanque dentro do banheiro e um fogão velho. Ela claramente não é rica e isso deixa ela real e mais maravilhosa ainda.

Outro vídeo polêmico, foi da Ellora Haonne, que também fez um vídeo sobre o tour do corpo, mas dessa vez, abordando como ela não faz o tipo blogueirinha magra das redes sociais e como não devemos aspirar ser elas, porque nem mesmo elas são. A Ellora, eu não acompanho tanto, vi alguns vídeos avulsos, mas ela também é um grande nome dentro do youtube, um nome importante, por trazer vídeos com pautas que ninguém traz, como a bissexualidade.

E o que esses dois vídeos e o clipe do Rouge tem em comum? Não importa o meio de comunicação, o meio midiático. Pessoas que não fazem o tipo Paris Hilton estão começando a aparecer na mídia e isso tem uma importância IMENSA! Garotas de todo Brasil estão vendo essas pessoas e elas podem se identificar e pensar: tá tudo bem eu não ter minhas costelas aparecendo de tão magra que sou. E se amar vai passar a ser uma tarefa que não é tão difícil.

Nesse post aqui, onde conto sobre minha trajetória a não usar mais sutiã, eu contei que eu tinha um complexo por não ter peitos. E me lembro que assisti Orgulho e Preconceito, onde a atriz Keira Knightley era a protagonista e eu fiquei maravilhada. Porque ela era como eu sou, sem seios fartos e eu pensei: “se essa mulher não tem um pingo de peito e consegue se sentir bonita e ta ai fazendo sucesso, sendo sexy e tudo mais, por que eu não consigo?” E isso me ajudou um pouco a me aceitar mais. Se a Keira Knightley pode, por que eu não posso?

Por isso é tão importante que em clipes musicais, apareça mulheres reais. Com corpos reais. Por isso é tão importante que Alicia Keys apareça na mídia sem maquiagem. Porque ela vai dar o exemplo pra outras garotas mais novas, que tá tudo bem não ser perfeita, isso não te faz feia.

alicia-keys-sem-maquiagem
Quando Anitta aparece na mídia com o clipe Vai Malandra, mostrando suas celulites (e sim, eu tenho várias ressalvas sobre o clipe, mas esse é um ponto bem importante), ela mosta que ela é tão gente quanto eu, quanto você. Que mulher não tem celulite?

E quando essas pessoas da mídia começam a se mostrar humanos e não seres sobrenaturais sem defeitos, a gente acaba se cobrando menos. Se aceitando mais. Porque muita gente se espelha nessas pessoas. E é mais fácil nos aceitar.


Se as meninas do Rouge podem, por que a gente não pode? Se Luiza Junqueira pode, por que a gente não pode? Se a Ellora pode, por que eu não posso? Se a Anitta pode, por que eu não posso? Se a Alicia Keys pode, por que todas nós não podemos? É CLARO QUE A GENTE PODE!

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