Rivalidade feminina: Uma conversa para todas as recalcadas, inimigas e falsianes!

Rivalidade feminina: Uma conversa para todas as recalcadas, inimigas e falsianes!

No post passado, conversamos um pouco sobre o novo clipe da banda Rouge e sobre padrões de beleza, você pode ler tudo clicando aqui.
Hoje o papo é de mulher pra mulher. Hoje o papo é pra todas as inimigas, as recalcadas, as falsianes, as putianes.

Você já ouviu as seguintes frases?
“Amizade de homem é verdadeira, amizade de mulher é falsa.”
“Não dá pra ficar um monte de mulher junto, porque elas são muito competitivas e vão se matar.”
“Mulher se arruma pra outra mulher invejar”


Ou qualquer frase similar que dá a entender que duas mulheres não podem ter uma amizade verdadeira? Pois eu já e muito.
Quando somos crianças, os garotos costumam ser encorajados a sempre brincarem de coisas em grupos, como esportes, como futebol, basquete, handball. Já as meninas são encorajadas a brincar sozinhas de casinha, com uma boneca. E talvez isso, ao longo do tempo, seja neutralizado, os meninos em grupo e as meninas solo.


Quando somos pré-adolescentes e adolescentes, uma menina legal é uma menina cheia de amigos homens. Na minha escola, eu achava muito mais “cool” ter um monte de amigo menino, isso significava que a menina tinha “conteúdo“, ela não era “fútil” e nem “falsa” como as outras meninas.

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E isso não faz sentido nenhum. Na faculdade, comecei a ter mais amigas e olha, comecei a me sentir muito mais a vontade com garotas. Eu posso conversar sobre qualquer coisa e elas vão entender. Se eu to menstruada, vou receber várias dicas sobre cólica e não serei olhada como algo de outro mundo, porque todas ali menstruam.

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A rivalidade feminina é tão presente na nossa sociedade que existem músicas diversas que alimentam essa rivalidade. Músicas que fazem sucesso de verdade, como Beijinho no Ombro, da Valeska, que fez um sucesso absurdo e Show das Poderosas, um dos primeiros hits de Anitta. E não pense que é só música mais “antiga” não, porque temos também Cheguei, de Ludmilla, que super prega a rivalidade feminina.
Gírias como “falsiane”, “inimiga”, “recalcada” é extremamente comum e não deveria ser. Não há problema nenhum em sermos amigas uma das outras.


A rivalidade existe até mesmo entre famosas, uma rivalidade que a gente mesmo cria. Como a velha história entre a Ivete Sangalo e Cláudia Leitte. Só porque as duas dividem um estilo musical, já as colocam como arqui-inimigas. Uma mulher pode dividir espaço com outra mulher de maneira pacífica sem problema nenhum.
E não pense que isso acontece só aqui no Brasil não. Músicas como Bad Blood da Taylor Swift, cujo clipe é nada mais, nada menos que uma guerra entre mulheres. Girlfriend, da Avril Lavigne, onde ela fala em ficar com um rapaz que namora e no clipe, ela compete o tempo todo com a namorada, sendo sempre melhor. Misery Business, do Paramore, é outro exemplo musical de uma letra que fala sobre rivalidade entre duas garotas.

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“Hey, hey, você. Eu não gosto da sua namorada. De jeito nenhum, de jeito nenhum. Eu acho que você precisa de uma nova. Hey, hey, você, você. Eu poderia ser sua namorada.”

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Ela tirou ele de mim, mas eu vesti o maior sorriso

Coisa que você não vê em letras vindas de homens. Eles podem até falar nas letras que são os melhores, que “pegam” mais mulheres, mas dificilmente vai ver uma briga entre dois caras.

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E temos tretas estilo Claudia Leitte e Ivete na gringa também, como Mariah Carey e Jennifer Lopez, Katy Perry e Taylor Swift, Fifth Harmony e Little Mix. A todo momento, colocamos as mulheres como rivais.


E não apenas no mundo da música: Rory Gilmore e Paris de Gilmore Girls, tem uma competição, apesar da amizade e o maior exemplo que posso dar: Serena Van der Woodsen e Blair Waldorf, de Gilmore Girls. Elas são melhores amigas e mesmo assim, vivem em pé de guerra por competição de quem é mais popular, quem é mais bonita, quem é mais bem vestida.

No cinema, existem filmes que falam muito sobre isso, como o famoso filme, Meninas Malvadas, onde retrata de maneira irônica a rivalidade feminina entre adolescentes.

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Nesse post aqui, eu falei sobre aceitar elogios e como devemos elogiar umas as outras, mas é tão difícil elogiar outra mulher. E é tão difícil receber elogios de outras mulheres, porque fomos ensinadas que se uma mulher fala que você ta bonita, ela ta sendo falsa.
Por isso, por exemplo, um relacionamento lésbico é tão blowmind na cabeça da sociedade. Duas mulheres que não são rivais e decidem ser companheiras pro resto da vida? COMO ASSIM?

Eu sei que muitas vezes queremos uma foto para um fundo de tela de ce… #diversos # Diversos # amreading # books # wattpad
Quando nascemos, não existe absolutamente nada que diga que não podemos nos dar bem umas com as outras. E deveríamos nos dar bem. Não há nada melhor do que uma amiga para entender aquele fora que você recebeu, ou aquela cólica, ou aquele dia que você ta se sentindo horrível porque o seu cabelo não fica bonito, ou como você se sentiu depois daquele assédio que passou na rua (caso você ainda tenha dúvidas da diferença entre assédio e cantada, clique aqui que te conto a diferença).

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Atualmente, eu tenho muito mais amigas mulheres que homens, e sou mais próxima delas, também e isso é uma sensação tão de paz. Depois de anos, onde eu sempre tinha uma inimiga, que nunca fez mal pra mim, mas que na minha cabeça, eu não podia me dar bem, eu comecei a ver que por exemplo: o fato de eu ser bonita não anula a beleza da ex do meu atual. E nem o fato da atual do meu ex ser bonita, significa que eu não sou. A beleza da outra não anula a sua, a beleza da outra não diminui a sua beleza. O valor daquela menina não tira o seu valor.

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“Chamar alguém de gordo, não te faz mais magro. Chamar alguém de burro, não te faz mais inteligente.”

Rivalidade feminina é algo existente apenas na nossa cabeça. Quando entendemos isso, nossa relação com o mundo melhora, nos desgastamos menos. Nós começamos a achar graça na menina que escolheu vir com o mesmo vestido que você na festa. Ela nem te conhece, ela não fez pra te provocar, ela só tem o mesmo gosto que você. Você começa a entender que aquela menina que ta afim do mesmo cara que você não precisa brigar por causa dele, afinal, vocês são tão parecidas que buscam as mesmas coisas em um cara.

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Você começa a entender que não precisa dar 50 reais pra amante do seu marido, porque o culpado é ele, ele tinha um relacionamento com você, ela muitas vezes, só foi usada. Começamos a responsabilizar os rapazes pelos erros que eles cometeram no relacionamento e parar de achar que as meninas tem culpa total.
Começamos a ver que a amiga do nosso namorado, pode ser nossa amiga e podemos assim, conhecer muito mais o namorado, porque vamos conhecer outros lados dele e manter a relação pacífica.

un amigo pude que a veces se enoje pero si es un amigo de verdad lo perdonaras
Isso se chama sororidade, que significa: ter empatia com a outra e entender que ela é tão mulher quanto você. Mas isso não significa que você tem que gostar de alguém só porque ela é mulher. Se vocês não se dão bem, se ela fez algo que te prejudicou, você tem o direito de não gostar dela, mas por esses motivos. Você não tem o direito de desgostar dela só por ela ser mulher. Ela já é desrespeitada demais por ser mulher nesse mundo machista, não seja mais uma que a subestime, que a maltrata, só pelo gênero que ela nasceu.

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O mundo já tem guerras entre vários países, já tivemos duas guerras mundiais. Pra que criar guerra entre nós, mulheres? Vamos espalhar paz e espalhar amor.

poster mais amor por favor estrelado colorido 2015

Afinal de contas, roupa tem gênero?

Afinal de contas, roupa tem gênero?

 Hoje vou entrar em um assunto um pouco polêmico, mas que é bastante necessário para entendermos sobre o post de amanhã e também para a nossa vida. E não, não falarei de mamilos, esse assunto de mamilos, falo um pouco no post que falo um pouco sobre o sutiã, minha experiência e como ele surgiu na nossa vida, você pode clicar aqui e saber um pouco mais sobre.

O assunto de hoje é gênero. Mais especificamente gênero na moda.

Imagem de joutjout, animada, and jout

Vamos começar separando bonitinho o que é sexo biológico e o que é gênero. O sexo biológico, o nome mesmo já fala, são as características biológicas da pessoa. Eu nasci com vagina, útero e ovários, meu sexo é feminino.

A história dos símbolos começa na Roma antiga e passa pela Idade Média

O gênero é o comportamento social, a reprodução da cultura, a famosa feminilidade e masculinidade. Um exemplo disso é: quando uma pessoa nasce com uma vagina, pintamos o quarto dela de rosa, a chamamos de menina e começamos a esperar vários comportamentos dela que nada tem a ver com sua personalidade e sim com o seu gênero, como: meninas tem que ser doces, meninas são mais quietas e recatadas, meninas gostam de bonecas, meninas são mais sensíveis e amadurecem mais rápido.

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No Brasil, qualquer pessoa pode usar calça, em países de cultura muçulmana, mulheres usam burca e por ai vai, é a cultura moldando cada pessoa de acordo com a caixinha que ela nasceu.

portabanheiro

A identidade de gênero é mais sobre como a pessoa se porta perante a sociedade e nada tem a ver com orientação sexual ou sexualidade, sendo que orientação sexual e sexualidade são como e com quem a pessoa se relaciona. Um garoto extremamente masculino, que segue todos os padrões de sua caixinha, pode ser homossexual da mesma forma que uma garota extremamente feminina, que adora vestidos e Crepúsculo, pode ser lésbica. Da mesma forma que meninas que não são tão femininas, inclusive conheço algumas, são heterossexuais. A roupa nada tem a ver com o desejo sexual e a atração da pessoa.

#acervoacessível Um still de um vídeo da Jout Jout fazendo cara de indignada e com a legenda "ME ECONOMIZA, NÉ"  #joutjout #meme

Algumas pessoas acham que esse debate e a existência do termo gênero é recente, mas estão enganados. Existe evidências arqueológicas de que o termo gênero no sentido de comportamento social existe pelo menos cerca de 30.000 anos atrás, no Sítio arqueológico de Dolní Věstonice e outros, onde é hoje a República Checa. Isto é, durante o período de tempo do Paleolítico Superior.

Como eu disse anteriormente, quando se nasce, vem consigo uma caixinha com coisas designadas ao seu gênero, seja menino ou menina e uma das coisas que vem são roupas. Rapazes usam bermudas, cabelos curtos, gravatas. Moças usam maquiagem, vestido e laços nos longos cabelos. Porém, as roupas estarem nessa caixinha é relativamente recente.

Dica: Como Resolver a Sobra de Gravata para Quem é Baixo

Até a Idade Média, a base das roupas femininas e masculinas, ou seja, a modelagem, era exatamente a mesma, basicamente eram túnicas que se diferenciavam muitas vezes apenas pelo comprimento ou pelos adornos que as pessoas utilizavam. Isso acontecia porque até o Império Romano, a função das vestimentas era para diferenciar classes e posições sociais e não enfatizar os sexos.

Na Grécia Antiga, a androginia era algo extremamente exposto e até cultuado, principalmente na arte.

A diferenciação significativa de gênero  se iniciou na Europa Gótica, onde homens começaram a usar calças e calções.

A Igreja Católica, na Idade Média, começou a acusar a mulher como culpada pelo “pecado original” e com isso começou a haver diferenciação dos gêneros não apenas nas roupas, mas em seus comportamentos sociais. Por conta de tal acusação, as roupas femininas começaram a servir para tamparem os corpos das mulheres.

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No fim da Idade Média, no século XIV, homens usavam alguns adereços que hoje são típicos do universo feminino, como a meia-calça, onde falo um pouco mais sobre isso nesse outro post, que você pode ler clicando aqui.

Na Idade Moderna, era ainda mais comum homens usarem adereços que hoje são “típicos” do universo feminino, como rendas e outros adereços.

Outro fato interessante é o salto alto, que tenho um post inteiro dedicado a ele, que você pode ler clicando aqui, que foi bastante usado pelos homens antes de ser adotado ao guarda-roupa feminino.

Com a Revolução Industrial, a mulher foi cada vez mais inserida no mercado de trabalho e com isso, as peças consideradas masculinas foram cada vez mais adotadas para as mulheres, mas até 1950, mulheres usando calças era algo considerado transgressor.

Com o movimento hippie, dos anos 1960 e 1970, veio a liberdade sexual, e com isso, a linha entre masculino foi bastante tênue. Surgiu o movimento Rock Glam, com nomes como Kiss, David Bowie e Queen, que traziam toda a força da androginia com maquiagens, brilho e roupas justas.

Banda Kiss

 

This is Queen cross dressing for the I Want To Break Free music video.
Queen, no clipe I Want to Break Free, onde Freddie Mercury, vocalista da banda, aparece com roupas de mulher.
From Space Oddity to Aladdin Sane and beyond, David Bowie’s bold-yet-badass, totally-out-of-this-world...
David Bowie

 

Estilistas japoneses começaram a criar linhas de roupa sem gênero, como Yohji Yamamoto. 

Yohji Yamamoto 1984                                                       …

Nos anos 1990, a androginia voltou em alta, como eu falo um pouco sobre isso nesse post que você pode clicar aqui para ler.

reimagining 90s south african androgyny | look | i-D

Atualmente, com as militâncias tanto do feminismo quanto do universo LGBTQ+, o debate está a tona, e algumas marcas já começaram a trazer o debate para dentro de suas confecções, nomes como Louis Vuitton, que trouxe, em 2016, Jaden Smith, filho do ator Will Smith, protagonizando um catálogo usando roupas supostamente femininas, como saias.

Por que campanha da Louis Vuitton com Jaden Smith tem tudo para ser a mais importante de 2016 | modaeconteudo.com.br

Em 2015, o grande vencedor do  Britsh Fashion Award, foi Jonathan Anderson que criou em seus desfiles, no geral, uma atmosfera futurista e progressista, em que homens vestem cropped e mulheres ostentam grandes ternos de maneira que não seja uma troca de papéis, mas sim a criação de um modelo híbrido.

Coleção // J. W. Anderson, Londres, Inverno 2016 RTW // Foto 15 // Desfiles // FFW

Além de outros vários nomes, como a C&A, que em 2016, trouxe a seguinte propaganda, onde vemos um grupo de pessoas de várias etnias e idades, tanto homens quanto mulheres, correndo nuas até roupas de vários modelos e gêneros, e as vestindo sem se importar se é roupa feminina ou masculina, vemos mulheres com terninho e homens de vestidos, com o slogan: “Misture, Ouse, Divirta-se e Repita” no final sendo dita pelo narrador, fazendo as pessoas se despirem e voltarem a correr.

Apesar de ainda haver críticas a loja, por dentro da loja, ainda haver repartições entre roupas femininas e masculinas, mas eu entendo que são passos de bebê e já temos uma evolução ao trazer o assunto para a mídia.

Eu falei nesse post aqui sobre o estilo oversized, e citei que você pode comprar roupas masculinas, se for uma garota, e ficarão um pouco mais largas e nesse outro post, onde conto 23 fatos sobre mim, que você pode ler clicando aqui, eu contei que eu mesma possuo peças masculinas no meu guarda-roupas. E não são apenas camisetas não, eu também possuo duas gravatas e me lembro que quando pedi para meu avô me levar em uma loja de ternos para eu comprar minhas gravatas borboletas, ele ficou extremamente chocado. Mas a realidade é que não existe problema real no uso de roupas que não são do seu gênero.

oversized

A Youtuber Louie Ponto conta um pouco sobre como foi nascer sem performar o que foi proposto pelo gênero em que nasceu, ela nasceu menina, mas não se considera feminina e nunca gostou dessas “coisas de menina”.

E muitas pessoas sofrem diariamente por conta de sair da caixinha de gênero. Sofrem violências inimagináveis, porque isso ofende algumas pessoas.

Imagem de youtuber, mundo, and esquisito

Existe na internet, uma coisa chamada “ideologia de gênero” que é foi criada por religiosos e conservadores em geral, para exemplificar a teoria de que gênero não é um fator biológico e sim algo cultural e social, e tais religiosos e conservadores que criaram o termo, criticam a ideia.

Como eu disse no post passado (que você pode ler clicando aqui) e repetindo, novamente, as palavras de JoutJout: não tava na hora de debater sobre os direitos de robôs?